terça-feira, 3 de julho de 2007

Alemanha mantém metas ambiciosas

O governo alemão mantém o objectivo de reduzir em 40% as emissões de dióxido de carbono causadoras do aquecimento global até 2020 (em comparação com os níveis de 1990), apesar das críticas da indústria energética, afirmou hoje, em Berlim, a chanceler Angela Merkel.

«A protecção climática é o desafio mais importante do Século XXI», disse a chefe do executivo no final da 3.ª Cimeira Energética, em que participaram vários ministros do governo federal (ambiente, economia, investigação e negócios estrangeiros), representantes dos grandes fornecedores de energia e organizações ambientalistas.

A dirigente democrata-cristã reconheceu, no entanto, que a indústria alemã receia que os objectivos traçados sejam demasiado ambiciosos.

Para tentar atenuar as divergências, será iniciado em 2010 um fórum anual de diálogo entre o governo e o sector privado, que terá por missão reavaliar as metas estabelecidas.

A maioria dos observadores lembrou que a data de 2010 não é inocente, porque a data está para lá das legislativas alemãs a realizar dentro de dois anos, e é sabido que os partidos da coligação governamental estão divididos no que se refere ao prosseguimento da utilização da energia nuclear.

Os democratas-cristãos (CDU/CSU) pretendem rever o acordo celebrado em 2001 pelo anterior governo SPD/Verdes com a indústria do ramo para o encerramento das 19 centrais nucleares alemãs (duas já foram fechadas) num prazo de 20 anos, e continuar a utilizar as centrais atómicas, mas tiveram de aceitar um programa de governo com os sociais-democratas (SPD) que preserva este compromisso.

A CDU/CSU considera que não é possível renunciar tão rapidamente a uma «energia limpa» como a energia nuclear, que perfaz 27% do total do chamado «bolo energético» alemão (dois terços da energia disponível são de proveniência fóssil, como o carvão, o petróleo e o gás, e apenas 12% energias renováveis, como a energia solar e aeólica), e simultaneamente cumprir as metas de redução dos chamados gases de estufa que contribuem para as alterações climáticas.

Por sua vez, o SPD aponta para os riscos da energia nuclear, em caso de avaria nas centrais alemãs, apesar de estas serem consideradas das mais modernas e seguras do mundo.

Um incêndio que obrigou a desligar temporariamente duas centrais nucleares, na semana passada, no norte do país (Schleswig-Holstein), veio reavivar este debate, e dar mais alguns trunfos aos críticos da energia nuclear.

A indústria energética, por sua vez, acusou o governo de coligação, antes da Cimeira realizada hoje em Berlim, de «atribuir demasiada importância» à protecção climática, em detrimento da garantia de fornecimento de energia e da capacidade competitiva das empresas do sector.

Angela Merkel reafirmou, no entanto, que a decisão de encerrar gradualmente as centrais nucleares será mantida durante a actual legislatura, até 2009, apesar de a chanceler e os conservadores serem contra a solução adoptada pelo governo anterior.

As cimeiras energéticas destinam-se a estabelecer um plano de abastecimento até 2020, que deverá ser apresentado pelo ministro da economia, Michal Glos (pró-energia nuclear) e pelo ministro do ambiente, Sigmar Gabriel (anti-energia nuclear), nos próximos meses.

Segundo Sigmar Gabriel, o objectivo do governo é aprovar os seus planos energéticos antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a realizar em Dezembro, em Bali (Indonésia).

Na primeira Cimeira Energética, em Abril de 2006, os fornecedores de energia comprometeram-se a investir 30 mil milhões de euros na ampliação das suas redes e centrais de abastecimento, até 2012.

Na segunda cimeira, em Outubro de 2006, foi traçado o objectivo de duplicar a eficiência energética na Alemanha até 2020, tomando por base os níveis de 1990.

in Diário Digital

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